segunda-feira, setembro 17, 2007

Câimbras

“Todas as coisas me são licitas mas nem todas convêm. Todas as cousas me são licitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” I Corintios 6:12

Exagerei. Fui jogar uma partida de tênis que durou mais de 3 horas. Estava tão “quente” na hora que, apesar do cansaço, propus ao meu parceiro mais um set (ainda bem que ele não topou). Quando esfriei começou os problemas: câimbras. Tive câimbras no abdômen, coxas, panturrilhas, pés e mãos. Foi uma ação eloqüente dos meus músculos protestando pelo meu excesso. Pesquisei e vi que as câimbras são contrações musculares involuntárias originadas pela perda excessiva de água e sais como o sódio e potássio e pelo acúmulo excessivo de acido láctico no músculo em conseqüência de grande esforço físico. Devido às câimbras, me arrependi de ter jogado tanto tempo.

Após passar 2 dias com o corpo doendo voltei ao normal, porém fiquei pensando na importante lição que as câimbras me deram: tudo deste mundo em excesso faz mau. Com isso não estou incluindo nenhuma espécie de pecado (precisamos apenas de uma gota de veneno para contaminar um copo cheio da água mais cristalina), mas digo das coisas licitas que Deus nos deu e abençoou. Descansar, receber o justo salário do trabalho ou experimentar a intimidade sexual no matrimônio são bênçãos que ninguém em juízo normal irá rejeitar. O problema está no excesso, isso porque o excesso de descanso vira preguiça, o excesso do desejo de dinheiro vira avareza, o excesso do desejo por sexo vira lascívia e assim por diante. E, invariavelmente, quando nos excedemos as câimbras tocam a nossa alma.

Quais são as câimbras que te avisam do excesso? No meu caso, os excessos se manifestam revelando ausência: ausência de tempo para o que é importante, ausência de amor, ausência de paz... ausência de Deus. A minha alma se contorce involuntariamente devido aos meus hábitos desequilibrados. Ela sofre devido ao excesso do ácido que a minha carnalidade derrama dentro de mim.

Não posso garantir que nunca mais farei a loucura de jogar mais de 3 horas de tênis... talvez se eu me lembrar de como foi o restante do dia, de como retorci de dor algumas vezes eu não volte a cometer a mesma bobagem. Fico pensando em como a minha alma geme quando o excesso me afasta de Deus. A questão diante de mim é o dia seguinte. Qual será a minha resposta quando as misericórdias do Senhor se renovarem junto com o sol que amanhece, e quando a Sua graça voltar para o incansável trabalho de cura. O que farei? O que buscarei? Terei aprendido alguma lição?

“Mas no tempo de angústia, clamando eles a ti, dos céus tu os ouviste; e segundo a tua grande misericórdia lhes deste libertadores que os salvaram da mão dos que os oprimiam. Porém, quando se viam em descanso, tornavam a fazer o mal diante de ti.” Neemias 9:27,28