segunda-feira, novembro 06, 2006

Ação libertadora

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; e, então, voltando faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.” Mateus 5:23 – 26

A minha vida precisa, constantemente, ser lembrada que o mundo espiritual é mais real que o mundo físico que enxergamos. “não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem, porque as que se vêem são temporais e as que se não vêem são eternas” (II Co 4:18). Muitos exemplos poderiam ser enumerados para me fazer lembrar que atitudes e reações humanas também desencadeiam ações no mundo espiritual. O exemplo mais sublime que poderia citar é a simples confissão oral de um coração crédulo que reconhece o Senhorio de Cristo. Essa aparente inofensiva ação traz vergonha para milhares de seres imundos e rebeldes a Deus ao mesmo tempo em que produz uma celebração nos céus entre as miríades de anjos que testemunham, com alegria, o poder eficaz do sangue do Cordeiro em redimir mais uma alma da perdição. Porém meu pensamento de hoje é sobre outra ação libertadora: o perdão.

Desde a minha infância essa luta de reconhecer meu erro e pedir perdão me acompanha de perto. Tenho certeza que todo ser humano com um mínimo de bom senso, cristão ou não, se arrepende de atitudes feitas contra outros. O arrependimento acompanha a todos nós. Infelizmente o perdão não. Porque o pedido de perdão é a manifestação externa do arrependimento interno. Pedir perdão é provavelmente a primeira manifestação daquilo que Paulo chama de “obras dignas de arrependimento” (At 26:20).

O pedido de perdão é uma das armas mais avassaladoras que podemos usar contra a nossa carne. O nosso desafio é vencer a luta que travamos contra o amor próprio.Tentamos nos desculpar, buscamos algum argumento que nos convença e que resgate a paz perdida. O nosso orgulho rejeita intensamente se curvar diante de alguém que, muitas vezes, está mais errado do que nós.

É interessante notar que o Senhor Jesus usa a figura da prisão tanto para aqueles que não buscam reconciliação como para aqueles que não a aceitam (Mt 18: 23 – 35). Porque é justamente isso que acontece conosco quando não buscamos a pacificação: tornamo-nos prisioneiros do nosso passado. Acorrentados à nossa consciência que nos condena, acorrentados à nossa auto-piedade que nos atormenta com pensamentos malignos de auto-justiça e acorrentados ao ofendido. Quando pedimos perdão somos libertos de todas essas amarras e nos tornamos livres novamente. A nossa consciência encontra a aprovação do Espírito Santo, a nossa auto-piedade é subjugada e dá lugar à Cristo que é a nossa verdadeira justiça e, pelo menos da nossa parte, resolvemos a pendência com o ofendido antes que a situação chegue às mãos do reto Juiz. Uma simples palavra neste mundo, pode trazer grandes mudanças no mundo espiritual.

Apesar de já ter experimentado, tantas vezes, a benção do pedir perdão, ainda me é custoso o fazê-lo. Meu amor próprio tenta me proteger do remédio que lhe é amargo porém traz cura. Fico pensando naqueles que são mais próximos de mim. Será que tenho errado tão pouco com eles assim que quase nunca preciso pedir perdão? Penso na minha esposa e em tantas das vezes que a feri e não me importei. Em tantas das vezes que errei e esperei que o tempo nos reconciliasse. Hoje à noite, quando chegar em casa, pedirei perdão a ela por isso.