segunda-feira, outubro 16, 2006

Mudança de tempos

“Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; ”Daniel 7:25

Há algumas semanas pra trás comprei um novo celular. Fiquei encantado com a minha nova aquisição. Manda e recebe e-mail, navega na internet, toca MP3, vem com um sistema da Palm com todas as suas utilidades e, inclusive, faz ligações telefônicas. Estava me sentindo o homem mais antenado do mundo. Antes de dormir, conferia e-mails e navegava para ver as ultimas noticias do dia. Fiquei pensando em como consegui viver tanto tempo sem um negócio desses.

Recentemente vi uma pesquisa sobre o hábito das pessoas com relação ao uso do celular: mais de 80% das pessoas que tem celular, não o desligam de noite para dormir e o deixam ligado ao lado da cama; mais de 50% das pessoas voltam durante o dia para casa para buscar o celular caso o tenham esquecido. Vi também uma outra matéria dizendo que já existem comunidades que dão ajuda e suporte para pessoas que estão viciadas em tecnologia ao ponto de se sentirem deprimidas quando não usam tais recursos. A tecnologia que deveria propiciar mais tempo e liberdade têm trazido dependência e escravidão.

Uma das pragas do mundo moderno é a tirania da urgência. Administração do tempo tornou-se um tema universal. Vivemos em um mundo que tudo é para ontem. Ficamos impacientes com o elevador que demora demais pra chegar, com o sinal de trânsito de quatro tempos e de termos que esperar 15 minutos para descongelar uma lasanha. Lembro-me da minha infância, quando o computador demorava alguns minutos para ler um joguinho ainda em fita cassete. Hoje em dia, fico impaciente com os 40 segundos que tenho de esperar para abrir o meu Windows. Cercamos-nos de tanta tecnologia e recursos, mas ao contrário do que deveria, nos tornamos ainda mais escravos da urgência. Perdemos o hábito da meditação. Do momento de quietude e devoção espiritual. Aceitamos passivamente o complexo ritmo de vida do homem moderno e perdemos a oportunidade de termos uma vida simples. Rádio, Internet, Televisão, Messenger, Orkut, Celular e outras pragas modernas ocupam um espaço exagerado em nosso cotidiano. Quando nos deparamos com o silencio ficamos constrangidos e desconfortáveis diante da sua presença.

Pensando neste tema, lembrei-me de alguns conselhos escritos por Tozer sobre a importância da meditação:
(*) Retire-se do mundo todo dia para algum local privado (ainda que seja seu quarto).
(*) Permaneça no local secreto até que os ruídos circundantes comecem a esvair-se do seu coração.
(*) Reduza os seus interesses a uns poucos.
(*) Não procure saber coisas que não lhe sejam úteis.
(*) Aprenda a orar interiormente a todo o momento.
(*) Pratique a candura, a sinceridade da criança e a humildade.
(*) Ore pedindo olhos simples.
(*) Leia menos mas leia mais daquilo que é importante para sua vida interior.
(*) Jamais permita que sua mente fique dispersa por muito tempo.
(*) Chame para casa seus pensamentos errantes.
(*) Contemple Cristo com os olhos da alma.
(*) Exercite a concentração espiritual.

Um dos trabalhos malignos no mundo contemporâneo é de mudar os tempos. Quanto mais se aproxima a nossa redenção, mais esse mundo será oprimido pela tirania da urgência. Quero me levantar contra esse tirano e não aceitar aquilo que pode desviar os meus olhos do que é importante. E quando a minha alma ficar aflita e se sentir oprimida pela urgência desse mundo direi a ela: “O Senhor vela pelos simples; volta minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo.” Salmos 116: 6-7


“Marta tinha uma irmã chamada Maria e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para o outro, ocupada em muitos serviços. Então se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que a minha irmã tivesse deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas cousas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só cousa; Maria pois escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada.” Lucas 10: 39-42