segunda-feira, agosto 21, 2006

Radicalismo cristão

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” Filipenses 4:8

A moça que ajuda a minha esposa em casa é um encanto de pessoa. Casada e mãe de três filhas ela é uma cristã fervorosa. E dentro de suas convicções sempre usa saia, não pode cortar o cabelo nem pode usar maquiagem. Não pode assistir televisão, ir ao cinema, teatro ou assistir um jogo de futebol no estádio. Seus cânticos, são exclusivos sendo proibido cantar qualquer outro tipo de música que não esteja no seu hinário. Sua doutrina, é um tanto exclusivista e extremamente dura com qualquer outro cristão que não tem os mesmos hábitos. Apesar das nossas divergências doutrinárias, não só aprendi a respeitá-la como passei a admirá-la. Admiro principalmente sua pureza; parece que ela vive em outro mundo. Não acompanha a novela das oito e não se curva às novas tendências do mundo da moda. Não conhece qual é a música mais tocada no radio nem tem curiosidade pela vida supérflua dos famosos.

Geralmente, quando convivo com pessoas como ela, tenho a tendência de ter um sentimento de superioridade. No meu coração, as rotulo como fanáticos exagerados e fico enaltecendo a minha visão “equilibrada” e o meu conhecimento doutrinário que me “protege” de posicionamentos radicais. Porém, apesar de todo o meu esforço em relativizar as coisas, reconheço que os ensinamentos bíblicos também são radicais. Uso como exemplo esse versículo de Filipenses citado acima. Quanto radicalismo! Aqui não existe meio termo: tudo que é respeitável, tudo o que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo o que é de boa fama. A vontade de Deus para a minha vida é radical. E sei que devo responder com uma obediência simples e absoluta.

Fico lembrando da minha adolescência entre os cristãos. Sempre que algum jovem se destacava entre os demais pela consagração tendo um padrão acima da média de caráter e costumes era taxado negativamente como “radical”. Com isso, ninguém queria ser radical porque para nós era sinônimo de lavagem cerebral, uma pessoa sem vontade própria que está fanaticamente cega. Mas não tem jeito: Deus exige radicalismo. Nem todo radical é santo, mas todos os santos são radicais.

Ao longo da minha história como cristão, percebo que toda vez que experimentei um avivamento em minha vida espiritual, isso também produziu santificação e vice-versa. Desejo ser radical. Mas não baseado em um legalismo opressor que me afasta da graça divina e me leva ao terrível caminho da busca do mérito humano. Mas desejo aquele radicalismo característico do cristão apaixonado pelo Senhor e de tudo que é relativo ao seu reino. Que a minha aversão pelo que é imundo seja fruto de uma comunhão íntima com o Santo Espírito.

A lei diz: faze isto e viverás. A graça diz: porque vivo, faço isto.


“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus como ressurrectos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça.” Romanos 6: 12,13