segunda-feira, julho 03, 2006

Placebos

“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: não tenho neles prazer; antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida (...) antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu. Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade.” Eclesiastes 12: 1-2, 6-8

Um pensamento que sempre me vem à mente quando passo diante de um hospital é sobre a vaidade dessa vida. Ali, no hospital centenas de pessoas lutam intensamente para não morrerem. A verdade perturbadora sobre a brevidade da vida sempre vem à tona. Tiago, em sua epistola, diz: “Que é a vossa vida? Somos como a neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (4:14).

Sábado passado, tive a oportunidade de passar 03 horas dentro de um pronto-socorro. Era um dia especial, o Brasil jogaria contra a França pelas quartas de final da Copa do Mundo. Era um dia de alegria, festa, música para a maioria dos brasileiros. Mas não para todos. Nessas poucas horas que fiquei no hospital vi pessoas se contorcendo de dor enquanto aguardavam atendimento. Vi pessoas chorando pela perda de entes queridos. Vi a expressão de dúvida na face de um idoso que, ao entrar em um leito no hospital, não sabia se voltaria a ver o sol. Vi quando entrou um casal desesperado com o seu filho, de talvez uns 07 anos, todo ensangüentado e desacordado que acabara de ser atropelado. Pude compreender, mais uma vez o que a Bíblia diz: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir onde há banquete, pois naquele se vê o fim de todos os homens; e os vivos que tomem em consideração.” Ec 7:2.

Fiquei pensando em como a Copa do Mundo não tem valor eterno para o homem. Em como nessas horas de sofrimento, nada que é material tem valor ou significado. O que essas pessoas levarão desse mundo? O que realmente importa? Esse mundo e o seu príncipe oferecem à humanidade apenas placebos. Copa do mundo, dinheiro, fama, sexo, drogas e uma infinidade de outras coisas tentam distrair o homem de meditar no seu criador. Tentam atrair o homem para a busca de uma alegria fugaz. Só que como qualquer placebo, o seu efeito não é real, é no máximo, psicológico. Diante da doença ou da dor, não produz nenhum efeito eterno.

Enquanto estive ali, fiquei pensando no indescritível privilégio que tenho em conhecer a Deus. De tê-lo bem próximo a mim. De fazê-lo participante da minha vida. Não sei quando estarei face a face com o Deus Criador, mas um dia o meu espírito voltará a Deus. Rejeitar o placebo e desejar o que é Divino é a decisão mais sábia que posso tomar. “Porque tudo que Deus faz durará eternamente” Ec 3: 14. Um dia, quando partir desse mundo, minha peregrinação finalmente terá terminado. Perceberei mais claramente que a minha passagem por esse mundo foi uma importante etapa da minha existência – mas não a principal. Terei uma eternidade inteira para conhecer e prosseguir em conhecer a Deus. As coisas velhas terão ficado para trás, não existirá mais morte, doença, dor ou o pecado. E a minha alma permanecerá bem segura e firme em uma salvação que jamais será abalada.

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é.” I João 3:2