segunda-feira, abril 12, 2010

Áreas de risco

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.” I Coríntios 3:11

Nesta última semana acompanhamos a tragédia ocorrida em Niterói. Após muita chuva uma parte de um morro deslizou soterrando mais de 50 casas e causando a morte de quase 150 pessoas. Depois da tragédia tenta-se encontrar os culpados... A prefeitura alega que a população foi inconseqüente ao ocupar uma área sem nenhum planejamento habitacional. Durante 16 anos (1970 a 1986) tal área foi usada como um depósito sanitário. A cor preta da terra que deslizou é resultado da decomposição do lixo. Após o saturamento do local, a prefeitura transformou o “lixão” em um grande aterro. E, apesar da ilegalidade, algumas famílias passaram a construir suas casas sobre a região transformando-a em um lugar “habitável”. Por outro lado, a população carente culpa o estado por não prover locais seguros e, mesmo sabendo dos perigos, eles preferiram morar assentados sobre o perigo à morarem debaixo de uma ponte correndo outros tipos de perigos. Acontece que o tempo passa e todos os lados se acomodam. Outras prefeituras investiram na região, asfaltaram o acesso e fizeram obras de saneamento público. Novas gerações vieram e construíram casas melhores e maiores. Talvez os mais novos nem conheciam a origem do “Morro do Bumba”. Não sabiam que estavam levantando suas vidas sob uma área de risco.

Interessante perceber que o agente que desencadeou toda essa tragédia foi as fortes chuvas. Porém não vi manifestações, passeatas ou protestos contras as chuvas ou contra “são pedro”. Tais situações são inevitáveis e fazem parte de uma sentença maior que sobrevêm sobre esse planeta. “porque Deus faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (MT 5: 45). A chuva pode ter sido o agente mas não a culpada. Milhões de outros habitantes da cidade também passaram pela mesma situação sem sofrerem qualquer dano porque estavam protegidos por uma construção segura.

Como mencionei no post “Como nos dias de Noé” em breve o juízo de Deus sobrevirá sobre todos os habitantes desta terra – sem exceção. Ninguém escapará d’Aquele que tem “olhos como chama de fogo e que sonda mente e coração”. “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm14:12). Naquele dia todas as coisas serão abaladas e apenas o que é inabalável permanecerá em pé (Hb 12: 25 – 29). Absolutamente tudo que não foi construído sob o correto fundamento, o qual é Jesus Cristo, desmoronará.

Nos meus momentos de lucidez tento entender a minha obstinação em insistir no caminho do engano e da mentira. Talvez olhando ao redor eu pense, assim como tantos outros, que tudo está como deveria estar. A casa é confortável: muitos quartos, limpa, mobiliada e cheirosa – porém foi construída sob outros fundamentos e tudo acabará por terra. Fico perplexo quanto a isto. Não sei o que responder... por que sou tão incrédulo em realmente crer de todo o meu coração, mente, alma e vontade à Palavra de Deus? Por que a minha vida não mergulha, pela fé, profundamente nas coisas celestiais? Gostaria muito de, um dia, poder dizer como o testemunho que li do famoso pregador Jonathan Edwards, ele disse: “jamais pude dar um relato de como ou por qual meio fui convencido, e nem de longe imaginar, nem na época nem muito tempo depois, que houve uma influência extraordinária do Espírito de Deus; eu simplesmente passei a enxergar mais longe, e minha razão aprendeu a justiça e a lógica da doutrina de Deus. Minha mente descansou nela; e dei fim a todas as contestações e objeções.”

Discernir hoje se estou construindo a minha vida no firme fundamento ou em uma área de risco fará toda a diferença no dia em que cair a chuva. Estar protegido e seguro em Cristo será bem melhor do que, um dia ao despertar, perceber que estou soterrado nas ruínas cheio de lixo ao meu redor.

“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia. E caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram de ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.” Mateus 7:26-27