terça-feira, fevereiro 05, 2008

Escolhas

“Pela fé Moisés quando já homem feito recusou ser chamado filho da filha de faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado (...) porque contemplava o galardão.” Hebreus 11: 24 – 26

Li sobre uma pesquisa realizada na Universidade de Stanford no final da década de 1960. Foram dadas às crianças entre quatro e cinco anos um belo chocolate. Porém, se elas pudessem esperar de 15 a 20 minutos (uma eternidade para uma criança) sem comer o chocolate elas ganhariam dois chocolates. Após explicar a proposta o pesquisador “dava uma saidinha” . Imagine-se observando a cena por trás de uma janela de vidro espelhado: para algumas crianças, não houve espaço entre o estímulo e resposta – era como se houvesse um cordão entre a porta e o chocolate à boca. No momento em que o pesquisador saiu da sala e fechou a porta – o chocolate desapareceu rapidamente na boca. Para outras crianças dava para ver a luta! Elas queriam comer o chocolate imediatamente mas também queriam mais um chocolate. Algumas crianças fingiam que o chocolate não estava lá e vagavam pela sala, outras cantavam e falavam sozinhas. O interessante da pesquisa foi que essas mesmas crianças voltaram vinte anos depois e os pesquisadores constataram que aquelas que resistiram aos seus impulsos e esperaram pela recompensa dos dois chocolates mostraram melhores aptidões sob estresse, eram mais confiantes e dignos de confiança. E marcaram, em média, 200 pontos a mais no Teste de Aptidão Escolar (SAT) o exame de admissão ao curso superior.

Lendo sobre essa pesquisa voltei meus pensamentos a velhos dilemas (já escrevi algo parecido no pensamento intitulado “Trade-offs”) mas fazer as escolhas certas nos momentos certos são decisivos. Minha história será contada pelas escolhas que fiz na minha vida: a profissão que escolhi, o casamento, os amigos, o estilo de vida, as prioridades... tudo é definido pelas minhas escolhas. Geralmente nossas escolhas erradas só serão percebidas futuramente. Agora, por que muitas vezes fazemos as escolhas erradas? Talvez uma das respostas seja porque estamos olhando apenas para o que está perto. Estamos pensando apenas no “chocolate” que está em nossas mãos e não consideramos que existe uma recompensa muito maior logo ali na frente para os que obedecem e se submetem.

Penso nas escolhas de Moisés, neto do homem mais poderoso da época (Faraó) , herdeiro do trono do maior império mundial (Egito) escolheu ser maltratado junto com o povo de Deus ao invés de usufruir dos “prazeres transitórios do pecado” . Essa escolha inexplicável pela razão humana só pode ser compreendida na ótica divina... Moisés “contemplava o galardão”. Quando chegamos ao Novo Testamento e lemos sobre Moisés transfigurado conversando com o Senhor Jesus no monte (Mt 17) podemos ter uma parda noção que Moisés fez as escolhas certas.

Deus criou o homem com o livre-arbítrio. Isso significa que somos responsáveis pelo nosso futuro uma vez que serão as nossas escolhas que determinarão o nosso destino. Sendo assim, podemos ler a Bíblia sob a perspectiva das escolhas: lemos como Satanás escolheu o caminho da rebeldia, Adão da desobediência, Saul do orgulho e Davi da humildade. São muitas histórias. E cada um, dentro do seu contexto, precisou fazer sua escolha. Deus também precisou fazer suas escolhas: Ele escolheu o perdão, a salvação e a restauração da comunhão com o homem.

As vezes me sinto como as crianças da pesquisa... tudo o que desejo é comer o chocolate não me importando com as promessas infinitamente superiores que deixo de usufruir. Sei que todos os dias quando acordo eu preciso fazer algumas escolhas, olhar no espelho e responder: “hoje, a quem servirei?”. Atalhos, desvios e distrações se apresentam a cada momento. E, mais uma vez, preciso fazer escolhas. Já comi muito “chocolate” precipitadamente para saber que o melhor “chocolate” é aquele que é dado pelo próprio Deus ao Seu tempo. Sem dúvida é incomparavelmente mais gostoso.

Escolher servir a Deus é a única escolha que um peregrino pode fazer.


“Agora, pois temei ao Senhor, e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito, e servi ao Senhor. Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais (...) Eu e minha casa serviremos ao Senhor” Josué 24: 14 - 15