segunda-feira, junho 07, 2010

A raiz dos justos

“O homem não se estabelece pela perversidade mas a raiz dos justos não será removida.” Provérbios 12: 3

Em um mundo tão materialista um dos desafios do peregrino celestial é permanecer firme em suas crenças como que “vendo o que é invisível.” Quando olhamos para uma árvore frondosa cheia de frutos, geralmente nos esquecemos que são as suas raízes que garantem sua fixação e estabilidade, e, principalmente, a absorção dos nutrientes, água e potássio que irão garantir sua beleza. Geralmente escondidas debaixo da terra é a raiz, e não os frutos, que garantem a vida.

Da mesma forma, as bases da nossa vida determinarão quais serão as fontes de onde tiraremos nossa energia vital. É através das nossas raízes que obteremos a seiva necessária para a sobrevivência. Na parábola do semeador, o Senhor Jesus usa a figura de um solo rochoso cuja a raiz não pode se aprofundar para nos alertar dos perigos do desânimo diante das perseguições e escândalos. Sem uma raiz firme, não haverá frutos sadios porém: “ser for santa a raiz também os ramos o serão” (Rm 11:16).

Mais uma vez a história de Davi se destaca em meus pensamentos. Como foi possível a Davi suportar tamanha pressão e opressão durante seus anos como um fugitivo do insano rei de Israel? Para escapar da morte diante de um outro rei, agora filisteu, Davi se passa por doido babando em sua barba, arranhando portas e contorcendo suas mãos (I Sm 21:13). Sua popularidade aumentou com as pessoas menos desejadas do povo de maneira que Davi se fez chefe de “todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito” (I Sm 22:2). Quem olha para ele não poderia imaginar que uma “árvore tão seca e com nenhum fruto” poderia ter uma raiz tão forte. Davi encontrou em Deus sua fixação e seu local de absorver os nutrientes necessários para prosseguir. Até chegar o momento em que a primavera chegou e ele passou a dar muito fruto. Qual era o segredo de Davi? O próprio Senhor responde: “Eu, Jesus, sou a raiz de Davi” (Ap 22:16).

O imediatismo em que vivemos nos inclina a buscarmos atalhos para demonstrarmos para os outros frutos que nos faltam. Nossas raízes tentam se fixar em solos pobres das coisas profundas de Deus e, como conseqüência, temos muita folhagem mas pouco fruto do Espírito: “árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas” (Jd 13). Não experimentamos uma vida plena de comunhão fraternal uns com os outros porque tememos que descubram que, por detrás da nossa linda folhagem, não existem frutos. Selamos então um pacto de mediocridade recíproca aonde eu não critico suas raízes e vice-versa e nos contentamos com a fachada pseudo-piedosa que traz uma aparência religiosa para as nossas vidas porém nossas raízes continuam absorvendo as coisas do inferno, da carne e do mundo. “vendo Jesus uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti” (MT 21:19).

João Batista advertia ao povo: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mt 3:10). Toda raiz profana será cortada pelo próprio Senhor Jesus. Entendermos hoje que “o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (I Tm 6:10) será um bálsamo para todos os peregrinos que anelam experimentar uma vida liberta do veneno mortal da vaidade e das ambições humanas. Abandonemos a perversidade e estendamos nossas raízes para os mananciais de vida de Deus sabedores de que, a raiz dos justos, jamais poderá ser removida.

“Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde, e no ano de sequidão não se perturba nem deixa de dar fruto.” Jeremias 17:7,8