segunda-feira, maio 03, 2010

A verdadeira família

Jesus estendendo a mão aos discípulos disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai Celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe. Mateus 12:49, 50

A Bíblia é muito clara sobre a importância da família diante de Deus. Paulo diz: “ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior do que os descrentes” (I Tm 4:8). Pedro inclusive diz que um homem pode ter suas orações interrompidas se não tratar sua esposa com dignidade (I Pe 3:7). Porém, confesso que tenho olhado com muita ressalva os que advogam que a família é a base da Igreja. Temo que esse tipo de pensamento desvirtue nosso entendimento colocando a família como causa e não como resultado da nossa vida cristã. E, o que é igualmente perigoso, desvalorizarmos e não enxergarmos qual é a verdadeira família na ótica de Deus.

Quanto a esse assunto, o exemplo de Eli tem muito o que nos ensinar. Eli fazia parte do seleto grupo dos juízes de Israel. Porém seus filhos “eram filhos de Belial e não se importavam com o Senhor” (I SM 2:12). O Senhor separa um novo juiz, o último que antecederia a era dos reis, o jovem Samuel. Ao se revelar à Samuel, Deus diz: “Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre pela iniqüidade que ele (Eli) conhecia porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu” (I Sm 3:13). Antes disse, o Senhor adverte a Eli e lhe pergunta: “porque honras aos teus filhos mais do que a mim?”(2:29). Eli desagradou profundamente a Deus ao preferir sua família. Um outro exemplo, porém positivo, encontramos na tribo de Levi. Quando o povo de Israel se prostituiu com o bezerro de ouro, os levitas ficaram ao lado de Moisés e desembainharam suas espadas pelo Senhor (Ex 32). Como galardão pela sua fidelidade os levitas se tornaram a única tribo permitida por Deus para o serviço sacerdotal. Mesmo no final de sua vida, Moisés ainda é capaz de se recordar da coragem dos levitas e ora: “ De Levi disse: Dá, ó Deus, o teu Tumim e o teu Urim para o homem, teu fidedigno, que tu provaste em Massá, com quem contendeste nas águas de Meribá; aquele que disse a seu pai e a sua mãe: Nunca os vi. E não conheceu a seus irmãos, e não estimou a seus filhos, pois guardou a tua palavra e observou a tua aliança” (Dt 33:8,9).

Esse assunto não deveria soar tão estranho aos cristãos. O próprio Senhor Jesus adverte aos seus discípulos: “vim causar divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama mais seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim.” (MT 10:35 – 37). Quando alguém avisou ao Senhor que sua família queria falar com Ele, o Senhor responde que seus verdadeiros parentes eram os que faziam a vontade do Pai. Ao contrário de Eli, o Senhor Jesus sempre tinha claro quem era sua verdadeira família.

Tenho o privilégio e a alegria de ter uma família terrena que confessa o nome do Senhor. Porém, eu sei que, na realidade, somos uma figura da verdadeira família. Quando chegarmos na eternidade não existirão mais os “Aguirre” ou os “Silva”. Ali seremos uma única família com um único Pai e teremos o mesmo sangue sobre nós. O sangue do Cordeiro.

Como preciso aprender com a vida de Eli. Honrar ao Senhor mais do que qualquer pessoa é o nosso desafio mesmo que uma espada nos separe da família terrena. Quando guardamos a Palavra de Deus e observamos a Sua aliança experimentaremos o gozo de participarmos da verdadeira família. E por ser a verdadeira, esse gozo não terá fim.

“Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor a mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e no mundo por vir a vida eterna.” Marcos 10:29 – 30

(texto escrito para o blog "Sobre reis e profetas")