segunda-feira, maio 17, 2010

Dia das mães

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” Provérbios 22:6

Nesse último “dia das mães” não me encontrei com a minha mãe. Havia programado de vê-la no final do dia mas um congestionamento na estrada e uma febre inesperada impediram a visita. Após desligar o telefone avisando-a do infortúnio viajei no tempo e levei meus pensamentos até à minha infância junto à minha mãe. Fui uma criança muito amada por meus pais e minha avó – sim, sou caçula criado com vó – daqueles que tomava leite quente no verão e nunca andava descalço. Tenho ótimas lembranças da minha infância e dos meus pais porém é a piedade da minha mãe que hoje chama a minha atenção.

Em uma caixinha de madeira de sabonetes Phebo minha mãe guardava vários cartões com versículos bíblicos. Na parte da frente constava a referência e no verso o texto por escrito. Muitas vezes eu a ajudava no seu “treinamento” passando e repassando os inúmeros versículos que ela memorizava. Fazíamos o “cultinho doméstico” aonde tínhamos que orar, decorar versículos e ler alguma história juntos. Lembro-me também da bíblia da minha mãe toda marcada e cheia de anotações companheira inseparável de todas as suas manhãs. Todas as terças-feiras ela levava o estudo para a “reunião das irmãs” da Igreja Batista aonde ela se reúne até hoje. Sempre andava com folhetos evangelísticos de maneira que passei a minha infância ouvindo-a falar do amor inefável de Deus e da inacreditável salvação que o homem recebe pela fé em Jesus Cristo. gratuitamente. Até meus coleguinhas de escola não escapavam da pregação, oração e das músicas que cantávamos dentro do carro enquanto íamos para a aula. Não posso deixar de mencionar minha saudosa avó que, até meus 12 anos foi minha companheira de quarto. Uma das cenas mais constantes da minha infância, era acordar de manhã e ver minha avó ajoelhada ao pé da cama orando.

Após tantos anos fiquei surpreso de me lembrar desses fatos. Eles estavam perdidos na minha memória porém não no meu caráter. A vida e o exemplo espiritual de minha mãe sempre estiveram em rota de colisão com a cultura e a mensagem do mundo. Como conseqüência, a presença de Deus cristalizou-se em meu coração ainda na infância de maneira que, quando cheguei às crises da adolescência, minha fé permaneceu firme diante das incertezas e tentações. O testemunho maternal e um lar que temia ao Senhor (o exemplo dos meus irmãos merece um outro pensamento) contribuiu para a posterior conversão de meu Pai e para talhar em meu coração princípios que me acompanharão até o meu último suspiro de vida.

Diante da aproximação do nascimento de meu filho é natural que eu construa alguns modelos para o que eu considero ser “o ideal de um pai” porém não posso me submeter ao ideal do mundo mas sim ao ideal divino. Claro que quero dar pra ele o melhor de tudo: educação, esporte, lazer, cultura, moradia, roupa, etc. Mas pensando bem essas coisas não possuem valor eterno, elas são tão efêmeras quanto superficiais. O que o meu filho precisa é de que eu ame ao Senhor de todo o meu coração. De que a minha vida seja inteiramente consagrada a Deus de tal maneira que ele sinta, ouça e veja a Deus através da minha experiência até chegar ao momento em que ele sinta, ouça e veja a Deus na sua própria experiência.

Neste “dia das mães” pude perceber que, para uma criança, as atitudes falam muito mais alto do que qualquer discurso e que não existe nada mais didático do que o exemplo. Trazer Deus para o meu dia a dia foi o melhor legado que minha mãe me deixou e essa será a maior herança que desejo deixar para o meu filho.

“No temor do Senhor tem o homem forte amparo, e isso é refúgio para os seus filhos.” Proverbios 14:26