segunda-feira, novembro 26, 2007

Campo de batalha

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2

Em seu famoso tratado militar sobre estratégias de guerra, Sun Tzu, comenta que ter domínio do campo de batalha é um dos pontos fundamentais para se conseguir a vitória. O terreno deve ser muito bem conhecido e avaliado. O General precisa conhecer suas dimensões, topografia, distâncias até outros locais, qual é o grau de dificuldade para locomoção e quais são os pontos de maior segurança ou vulnerabilidade. Quando se conhece bem o terreno, o General pode usá-lo para proteger seus pontos fracos e, ao mesmo tempo, para a projeção das suas principais forças. Mapear e proteger o campo de batalha é essencial em qualquer batalha.

Qualquer peregrino é capaz de sentir que existe uma tremenda batalha neste planeta. Há um foco de rebelião que se levantou contra a vontade de Deus e tem lutado incessantemente, 24 horas por dia e 7 dias na semana, para destruir tudo e todos que se voltam para os interesses de Deus. Existe então, uma intensa disputa para saber a quem cada homem servirá. Essa batalha é travada na mente de cada um de nós. E são os nossos pensamentos e vontades que determinarão quem terá domínio sobre a nossa vida.

Termos uma mente passiva que aninha todo tipo de pensamento torna-nos alvos fáceis para as ciladas do Diabo. Pense na televisão. Talvez ela seja a arma mais mortífera para o desenvolvimento de uma mente passiva. Assistimos de tudo: adultério, homicídio, homossexualismo, mentiras, vingança, violência e tudo mais que desonra a Deus sem fazer qualquer resistência. E, enquanto vemos, nossa mente permanece passiva recebendo mensagens malignas que se esconderão em algum canto escuro da nossa imaginação e, que, no momento certo, serão usadas pela nossa carne. Da mesma forma na música reside um grande perigo. Escutamos músicas mundanas com suas letras imorais que escarnecem dos valores celestiais e profanam as coisas sagradas de Deus achando que isso não trará qualquer dano. Faça uma retrospectiva. Quando você apaga a luz do seu quarto e escuta essas musicas deitado em sua cama que tipo de pensamentos surgem? Eles te aproximam de Deus ou afloram sentimentos carnais de toda espécie? A verdade é que não existe sequer um centímetro quadrado nesta terra que não esteja sob alguma influência. Não existe pausa, neutralidade ou descanso. Estamos sempre sob ataque e a necessidade de vigilância é urgente. Não devemos nos acostumar com esse mundo mas devemos ter uma mente em constante renovação para experimentarmos a vontade de Deus (Rm 12:2). Não experimentaremos a vontade de Deus com uma mente preguiçosa e vazia.

Por estarmos em um ambiente de guerra, pensamentos inconvenientes sempre surgirão. Muitas vezes eles virão de fora para dentro como um ataque maligno sobre nós. Quando nossa mente está atenta, podemos diagnosticar claramente tais insinuações e rejeitá-las com toda fé: “Resistir ao diabo e ele fugirá de vós” (Tg 4:7) é uma promessa preciosa a todos os vigilantes. Precisamos retomar todo espaço que foi dado ao inimigo em nossas mentes: ressentimentos, falta de perdão, lascívia e heresias não podem permanecer alojadas dentro de nós. Enquanto tais pensamentos existirem, seremos como uma cidade fortificada em que o inimigo conseguiu instalar uma bomba. Sempre que ele quiser invadirmos detonará a bomba e entrará em nossos corações sem muita resistência. Sobre essa batalha Paulo diz: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim, poderosas em Deus para destruir fortalezas; anulando sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (II Co 10: 4,5 ). Se for necessário, precisaremos usar de violência contra nossos pensamentos até que a nossa mente pense adequadamente. Como um rebelde, precisamos algemar nossos pensamentos e aprisioná-los sob o cárcere de Cristo e levá-los a uma completa obediência. Precisamos reconquistar o campo de batalha.

Em Noé temos uma ilustração interessante. Quando a pomba saiu da arca após o dilúvio nos é dito: “mas a pomba, não achando onde pousar o pé, tornou a ele para a arca; porque as águas cobriam ainda a terra. Noé, estendendo a mão, tomou-a e a recolheu consigo na arca.” (Gn 8:9 ). Como são os nossos pensamentos? Quando permitimos que nossos pensamentos voem, para aonde eles vão? Voltam para a arca de Deus por não encontrarem local para pousarem ou será que nossos pensamentos encontram lugar e prazer na morte e podridão deste mundo?

Pense peregrino. Mas pense certo. Pense com a mente de Cristo.

“Lava o teu coração da malícia, ó Jerusalém, para que sejas salva! Até quando hospedarás contigo os teus maus pensamentos?” Jeremias 4:14

domingo, novembro 18, 2007

Os notáveis

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai e eu também O amarei e me manifestarei a ele.” João 14:21

A amizade acompanha a história de qualquer ser humano. Todos nós, experimentamos, em diferentes intensidades, a amizade e o companheirismo de outras pessoas. Olhando para minha experiência vejo que não existe uma tática para conseguirmos uma nova amizade, geralmente elas surgem inesperadamente. Pessoas que eu não tinha qualquer apreço tornaram-se minhas amigas e, por outro lado, tiveram pessoas que eu desejava ter amizade contudo não consegui cultivá-las. Também percebo que a amizade não surge pronta. Ela começa misturada com vários interesses pessoais. Geralmente iniciamos um relacionamento baseando-o em trocas: troca de atenção, benefícios, tempo, conselhos, etc. Se esse relacionamento amadurece a pessoa em si torna-se mais importante do que ela pode nos oferecer. Passa-se a ter sentimentos e compromisso que ultrapassam os interesses pessoais. A verdadeira amizade não se baseia mais em nós mesmos mas no valor que damos ao outro. Os laços que nos unem já não dependem de dinheiro, respeito, lugar ou freqüência. Tornam-se laços inquebráveis que perduram ao longo do tempo.

Quando penso em amizades concluo que a pessoa em que devo mais investir em relacionar-me é com o próprio Deus. Sei que soa estranho qualificar Deus como um amigo. Afinal de contas como posso ter a presunção de pensar que posso cultivar uma amizade com o ser mais espetacular e inacreditável do Universo? Um ser que justamente por ser Deus não precisa e não depende de absolutamente nada para auto-existir? A experiência de Abraão me ajuda a entender um pouco melhor essa questão. Está escrito: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus.” (Tg 2:23) . Como que Deus pode chamar um homem de amigo? A resposta de Tiago é incrivelmente simples: Abraão acreditou em Deus. Ele creu nas promessas e no propósito do Todo Poderoso. Ao confiar em Deus, Abraão deu um passo decisivo para uma vida intima com o Senhor.

Também penso nas diferentes profundidades que podemos experimentar do amor de Deus. O Senhor Jesus menciona sobre o amor incondicional de Deus pelo mundo perdido no famoso versículo de João 3:16 “Deus amou o mundo e por isso deu o Seu único filho”. Porém, em João 14:21 o Senhor Jesus fala de um amor condicionado; um amor e uma revelação que é exclusiva para aqueles que obedecem aos seus mandamentos. Quando penso nesse tipo de amor especial, lembro-me de Daniel. Pelo menos três vezes nos é dito o quanto Daniel era amado por Deus (Dn 9:23, 10:11,19) : “No principio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado.” Aqui temos uma declaração de amor muito pessoal de Deus a um amigo. Também penso em Paulo e Pedro ambos conseguiram tamanha intimidade com Deus que eles foram avisados da sua morte (II Tm 4:6 e II Pe 1:14). Como todo bom amigo, Deus declara suas intenções e comunga com os seus mais próximos.

Faço então a pergunta. Porque não é fácil sermos amigos de Deus? Tiago também tem a resposta: “a amizade do mundo é inimiga de Deus. Quem quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4:4). Para sermos amigos de Deus temos que abrir mão de muita coisa. Quero muito ser chamado “amigo de Deus” mas será que estou disposto a abandonar parentela, cultura, hábitos e viver em tendas como Abraão fez? Também desejo experimentar as realidades espirituais que Daniel experimentou, mas será que desejo abrir mão das finas iguarias que a Babilônia me oferece? Que tristeza perceber que o conhecimento teórico não é o suficiente para me tornar amigo de Deus! Fico envergonhado por reconhecer que ainda insisto em encontrar um caminho neutro aonde posso ser amigo do mundo e de Deus.

Ao longo de toda historia da humanidade existiram muitos homens que, como Abraão e Daniel, romperam as barreiras da racionalidade e conseguiram experimentar na terra uma vida celestial. Tiveram em Deus seu maior companheiro e isso mudou suas perspectivas de vida. Enquanto para os demais as ordenanças de Deus soam como restritivas para eles são como uma fonte de comunhão. Enquanto todos temem a disciplina de Deus para eles a vara e o cajado servem de consolo. Não obedecem pelo medo mas pelo amor.

Os amigos de Deus são odiados pelo mundo e muitas vezes sofrem profunda rejeição por isso: “Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada, andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados – homens dos quais o mundo não era digno –. Hebreus 11: 37-3a . Aos olhos do mundo são desprezíveis porém isso não os afeta porque sabem que são aprovados por Deus. Vivem com seus pés nesta terra mas com seus corações postos no céu. Por experimentarem um real convívio com Deus, suspiram diariamente pelo momento em que O verão face a face. Suas ambições terrenas cada dia diminuem mais e, por isso mesmo, passam a servir aos outros mais desimpedidamente. E por viverem para servir, não são notados pela maioria. Mas para eles isso também não importa porque sabem que são notados por Deus, seu maior amigo.


“Quanto aos santos que estão na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer.” Salmos 16:3

segunda-feira, novembro 05, 2007

A obra

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Gálatas 5: 22-23a


O nosso Deus é um Deus trabalhador. Grandes obras executadas por Deus nos dão uma pequena noção do Seu poder e nos deixam maravilhados. Desde Gênesis, a Bíblia registra tantos sinais e prodígios da parte de Deus que chega em um momento da leitura que nossa mente fica anestesiada com tantos milagres que não conseguimos mais perceber as dimensões dos seus feitos. Deus realiza esses feitos para mostrar ao homem que Ele é Deus e não há nada que se compare com as suas obras. “Não há entre os deuses semelhante a Ti Senhor; e nada existe que se compare às tuas obras. Pois Tu és grande e operas maravilhas; só Tu és Deus! (Sl 86:8, 10)”. Quando chegamos ao novo testamento vemos que o filho também trabalhou muito e consumou a sua obra. Deus se manifestou através do seu filho e realizou muitos sinais e prodígios. João fala claramente do propósito dos sinais realizados por Cristo: “Fez Jesus muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estas porém foram registrados para que creiais que é Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.” (Jo 20:20-21).

Os sinais externos que Deus faz correm um risco, eles podem ser negligenciados, esquecidos ou desvalorizados pelas testemunhas do milagre. Qual foi a reação do povo de Israel após todas as experiências que tiveram no seu Êxodo? As dez pragas que caíram sobre os egípcios enquanto nenhuma delas chegou ao arraial israelita. Quando encurralados, Deus abriu o mar para que eles fugissem e depois o fechou matando seus inimigos. Quando famintos, Deus fez chover pão do céu. Quando sedentos, Deus fez brotar água da rocha. Como paga pelos sinais, o povo tornou-se incrédulo e murmurador. Ou como entender o coração dos 9 leprosos que, após suplicarem e serem curados pelo Senhor Jesus, não voltaram nem sequer para agradecer? O coração do homem é tão enganoso que é capaz de cegar seu entendimento e não perceber o Senhorio de Deus e o adorá-lo como Ele merece.

Meditando sobre esse tema percebi que não tenho sede por grandes milagres ou sinais externos. Talvez seja porque Deus já me convenceu do Seu poder. Acredito que, se eu nunca mais ver qualquer sinal miraculoso, a minha opinião sobre o poder de Deus não sofreria qualquer dano. O testemunho dado nas escrituras e os relatos que já li, ouvi e vi são suficientes para que eu creia na supremacia de Deus para sempre. Mas confesso que existe um trabalho de Deus que me toca profundamente – o fruto produzido pela Obra do Espírito.

Quando leio qual é o fruto do Espírito Santo no espírito do homem percebo qual é a verdadeira obra que a Igreja deveria anelar. Em um mundo egoísta, triste, violento, sem paciência, maldoso, infiel, cruel e impulsivo o Espírito Santo é capaz de frutificar no cristão: o amor de Deus, alegria de viver, paciência, benignidade, bondade magnânima, confiança, suavidade e vitória sobre o desejo.

Deus realiza muitos obras externas desejando que o homem creia N’Ele e seja mudado interiormente. Mas nós, os que já cremos, precisamos desejar ver a manifestação da obra produzida pelo Espírito Santo dentro de nós e que se manifesta externamente para edificação da Igreja e para a glória de Deus. Os milagres feitos de dentro para fora são os mais impressionantes porque são realizados apenas mediante a permissão do homem.

Hoje, quando penso nas obras de Deus, valorizo muito mais aquela que é feita condicionada pela resposta adequada do homem. Mudar o caráter de uma pessoa impressiona-me mais do que fazer a terra parar. Curar uma alma ferida mais do que a cura de qualquer enfermidade física. Um homem que pede perdão mais do que um mudo que volta a falar. Um pecador que vê o seu erro e se arrepende mais do que um cego que volta a enxergar. Um filho rebelde que volta para a casa de Deus mais do que a cura de um paralítico que volta a andar. Um jovem que guarda seu coração puro mais do que a cura de um leproso.

O trabalho lento, silencioso e constante do Espírito Santo nas nossas vidas parece destoar do ritmo de vida que levamos. Mas, acredite, nenhuma outra obra será mais importante do que a obra de sermos transformados, de glória em glória, na própria imagem de Cristo.

"Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem do Seu filho. Romanos 8: 29a"


TE CONHEÇO
Letra e musica: Carlos Sider
Grupo Mensagem


Queria estar ouvindo a Tua história
Contada pelas ondas de outro mar
Ouvir da Tua boca as maravilhas que hoje sei

Estar no barco em meio a tempestade
E ver o mar calar por sua voz
Ouvir falar o cego: “cego era e posso ver”
Eu queria...

Mas apesar do tempo e o tanto
Que me distam do lugar
TE CONHEÇO
E ainda hoje a Tua voz prossegue firme
Como é doce a Tua voz
É um convite a Te seguir

E quanto mais e mais eu Te conheço
Eu vejo quem eu era e hoje sou
E não posso negar que foi a Tua voz que me mudou
Nesses dias.