segunda-feira, junho 28, 2010

Dependência

“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar.” I Pedro 5:8

Por fim acabou. Fiz um curso em São Paulo de 04 meses de duração. Viajava todas as terças-feiras e voltava para casa ou nas sextas ou nos sábados. Foram mais de 50 viagens de avião tantas outras dezenas de mini-viagens até Campinas com idas e vindas de ônibus entre os aeroportos e outras dezenas de corridas de táxi. Lembro-me do meu sentimento de dependência no primeiro dia de curso. Estava deixando minha casa, minha esposa, meu conforto e iria encarar um período cheio de situações novas em uma cidade desconhecida. Mas, pela infinita graça do Senhor o curso acabou e tudo ocorreu muito bem.

Tenho que confessar porém um sentimento que foi se agravando ao longo desse tempo: minha independência de Deus. À medida em que eu me acostumava com as viagens, com a cidade, com os cenários passei a me despreocupar. Fui perdendo a percepção de que necessitava de proteção e, as minhas orações, foram perdendo o clamor e o fervor de uma alma que depende da benção de Deus. Passei a confiar na minha experiência pessoal como se ela pudesse garantir minha segurança ou proteção. Cada viagem e cada dia em São Paulo foram se transformando em coisas comuns para mim e, conseqüentemente, fui perdendo a capacidade de depender de Deus e agradecê-lo ao final de cada dia.

Essa situação expôs bastante minha petulância ao andar por essa terra. Naquilo em que eu “me garanto” coloco o Senhor de lado. Quando porém percebo a minha fragilidade corro em oração para os seus braços. Mas tal atitude revela minha insensatez e arrogância. Não há absolutamente nenhuma situação em que eu possa me garantir. "Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? (Mt 6:27). Não sei se amanhã estarei vivo ou com saúde ou com emprego. Se não posso me proteger quanto mais aos meus queridos que me cercam! Cada dia de manhã que saio de casa eu deveria renovar minha confissão que, sem Deus, estou desprotegido e indefeso. Deveria com toda sinceridade perceber quão terrível batalha se é travada sobre esse planeta e de que como eu deveria ter uma percepção mais acurada dos perigos e ameaças em que me exponho quando eu simplesmente me esqueço disso. Satanás sempre anda ao derredor procurando alguma ovelha rebelde e distraída para a devorar.

Tento imaginar o que Deus pensa de mim quando me vê... Quão ridículo é o meu comportamento ao tentar viver um segundo sequer pelas minhas forças. Quão ridículo é para a criatura esquecer do seu criador. Viver na ilusão do pecado original – desejar ser um deus – talvez seja a maior loucura da humanidade.

Ao final desse curso aprendi algumas coisas mas a principal dela é que o cotidiano tem a capacidade de envelhecer a nossa fé. O viver comum é acompanhada de muitas bênçãos extraordinárias de Deus para mim. Se tenho saúde hoje ou se tenho recebido o pão de cada dia isso não vem de mim é benção dos céus. Não devo, nem por um momento sequer, tirar os meus olhos do meu Senhor. Cada movimento, decisão, minuto, esforço da minha vida quero consagrar ao Rei dos meus dias.

Então, ao final de cada dia, antes de fechar os olhos em repouso cantarei das bondades e das misericórdias do meu Senhor. Louvarei ao seu Santíssimo nome por cada benção recebida no meu dia. E, quando ao despertar, no inicio de um novo dia cheio de aventuras, não ousarei sair da minha cama antes de dizer: “A ti meu Senhor consagro esse dia. Não passo de uma frágil e pequenina ovelha do teu pasto. Guia-me em todas as coisas, livra-me do poder do leão e das suas armadilhas. E, por fim, amado Senhor, ensina-me a fazer a Tua vontade para que o meu dia seja agradável aos Teus olhos e que todas as minhas atitudes redundem em louvor,honra e glória somente a Ti.”

“Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre, e o seu reino não se pode destruir, e o seu domínio durará até o fim. Ele salva, livra, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele salvou e livrou Daniel do poder dos leões.” Daniel 6:26,27

segunda-feira, junho 21, 2010

Tempestades

“Fez-se no mar uma grande tempestade e o navio estava a ponto de se despedaçar (...) Jonas porém havia descido ao porão e se deitado: e dormia profundamente” Jonas 1:5

“Eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas. Entretanto, Jesus dormia.” Mateus 8:24

São duas histórias de aparente semelhança...são dois barcos em águas bravias. São dois homens dormindo tranquilamente no barco enquanto a tempestade aterroriza aos demais tripulantes. São dois profetas de Deus cada um enviado para uma missão. Porém, quando descobrimos o contexto, as histórias se distanciam com evidentes resultados...


O profeta Jonas ao desobedecer uma instrução clara de Deus negou seu chamamento, negou sua vocação, negou a soberania e a vontade de Deus. Tentou “fugir da presença” D’Aquele que está em todo lugar. Tentou mudar a direção de seus caminhos. Estar longe de Deus era a sua real intenção. Por outro lado temos o Senhor Jesus – por ser o verbo encarnado Ele era, é, e sempre será, a exata expressão do Pai, a absoluta fiel testemunha de Deus. Enquanto a missão de Jonas era a de anunciar a condenação a uma cidade promíscua, a missão do Senhor Jesus era a de anunciar a salvação da humanidade pelo seu próprio sacrifício pagando o preço exigido pela Justiça de Deus. “ e que havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas” Cl 1:20.

Dois homens dormindo mas como eles são diferentes! Um traz o repouso inerte, quase mortal, gerado pela desobediência. A imobilização recebida como o salário do pecado. O outro dorme o descanso dos justos. Usufrui do repouso de Deus apesar do cenário contrário. Dorme em paz por saber que, apesar do tamanho das ondas, nada deveria temer. Um, ao despertar se acovarda. O outro enfrenta a situação com serenidade e autoridade. Um traz a tempestade. O outro termina com ela.

Não devemos confundir o sono do pecado com o sono da obediência. Se por fora eles aparentam estar descansando por dentro apenas um realmente está em paz. Como é possível experimentar o descanso ao meio à tempestade? Como é possível encontrar o repouso sabendo que, logo adiante, encontraremos com o Gólgota – o lugar da caveira? Apenas Deus pode nos dar da “paz que excede todo o entendimento” (Fp 4:7). Ela não é produzida pelas circunstancias ou pelas nossas emoções mas é produzida unicamente pela obediência irrestrita à Sua soberana vontade.

Todos nós passaremos por tempestades, isso é certo. Estar em Cristo é estar com Ele no mesmo barco. E quando O Senhor dos Senhores abrir a sua boca toda tempestade terminará: bonança, paz, consolo, descanso e vitória substituirão os trovões, as trevas e o agitar das ondas. Estar no barco sem Cristo é desesperança, perdição, loucura, aflição, tristeza e dor sem fim.

Estar em Cristo fará toda a diferença no final da nossa história. Qual será o nosso destino? A bonança ou o ventre de um grande peixe? Faça a sua escolha.

“E Jesus despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou e fez-se grande bonança.” Marcos 4:39

terça-feira, junho 15, 2010

Esperança

“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança(...) “A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.” Lamentações 3:21,24

Continuo tentando “levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (II Co 10:5). A força opressora e modeladora do sistema babilônico tenta modelar meus principios, valores, hábitos e costumes. Meus olhos param de olhar para o alvo e passo a almejar pequenos “prazeres transitórios da carne” que não podem me satisfazer plenamente.

Nestes últimos dias, quando a minha esperança se perde fora de Cristo, leio o pensamento de um irmão chamado W. Graham Scroggie. Hoje, gostaria de compartilhar seu pensamento:


“Cada situação neste mundo é definido como: certo ou errado, verdade ou
mentira, luz ou trevas, santo ou profano, justo ou iníquo, céu ou inferno, de
Cristo ou de Satanás. E constantemente surgem forças malignas para o
combate: Babilônia, a Besta, o Falso Profeta e o Diabo parecem dominar o
mundo. Quando esse tipo de pensamento nos oprimir, devemos voltar ao
Apocalipse para lê-lo novamente. Lá, nós vemos que a Babilônia cairá por terra
destruída, que a Besta e Falso Profeta serão lançados no lago de fogo, e que
Satanás será atirado para dentro do abismo. Não haverá mais o errado, as
trevas, o pecado, a iniqüidade, o inferno mas a vitória será do certo, da luz, da
santidade, do céu e de Cristo.

A cabeça que foi coroada com espinhos na terra, será coroada com muitos
diamantes. “O Reino do mundo tornou-se de nosso Senhor e do seu Cristo e
Eles reinarão para sempre e sempre.”


A visão final não é a de Atenas e sua filosofia, nem da Babilônia e sua luxuria,
nem de Roma e seu poder, nem de Paris e sua moda nem de Nova York e seu
comércio, nem de Londres e seu esplendor. Mas vemos a Nova Jerusalém que
se ergue com seu testemunho. Meretrizes, bestas, demônios, sapos, gafanhotos
e serpentes foram lançados para fora da cidade. E o Cordeiro que foi imolado
está no trono do universo e reinará para sempre triunfantemente.

Assim termina a revelação de Deus para o homem. História que começou em um
jardim e terminou numa cidade. E, entre esses dois cenários se ergueu uma cruz. E, através
da obra nessa cruz, a tragédia do jardim transformou-se no triunfo da cidade.”

São nossas ações, não o nosso discurso, que revelam a quem realmente servimos e o que realmente nos importa. O que me faz perder o sono? Quando meu coração sonha aonde meus sonhos costumam pousar? Aonde encontro verdadeiro gozo e paz? Sejamos sinceros, o que é ou quem é a nossa esperança?

“E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança.” Salmos 39:7

segunda-feira, junho 07, 2010

A raiz dos justos

“O homem não se estabelece pela perversidade mas a raiz dos justos não será removida.” Provérbios 12: 3

Em um mundo tão materialista um dos desafios do peregrino celestial é permanecer firme em suas crenças como que “vendo o que é invisível.” Quando olhamos para uma árvore frondosa cheia de frutos, geralmente nos esquecemos que são as suas raízes que garantem sua fixação e estabilidade, e, principalmente, a absorção dos nutrientes, água e potássio que irão garantir sua beleza. Geralmente escondidas debaixo da terra é a raiz, e não os frutos, que garantem a vida.

Da mesma forma, as bases da nossa vida determinarão quais serão as fontes de onde tiraremos nossa energia vital. É através das nossas raízes que obteremos a seiva necessária para a sobrevivência. Na parábola do semeador, o Senhor Jesus usa a figura de um solo rochoso cuja a raiz não pode se aprofundar para nos alertar dos perigos do desânimo diante das perseguições e escândalos. Sem uma raiz firme, não haverá frutos sadios porém: “ser for santa a raiz também os ramos o serão” (Rm 11:16).

Mais uma vez a história de Davi se destaca em meus pensamentos. Como foi possível a Davi suportar tamanha pressão e opressão durante seus anos como um fugitivo do insano rei de Israel? Para escapar da morte diante de um outro rei, agora filisteu, Davi se passa por doido babando em sua barba, arranhando portas e contorcendo suas mãos (I Sm 21:13). Sua popularidade aumentou com as pessoas menos desejadas do povo de maneira que Davi se fez chefe de “todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito” (I Sm 22:2). Quem olha para ele não poderia imaginar que uma “árvore tão seca e com nenhum fruto” poderia ter uma raiz tão forte. Davi encontrou em Deus sua fixação e seu local de absorver os nutrientes necessários para prosseguir. Até chegar o momento em que a primavera chegou e ele passou a dar muito fruto. Qual era o segredo de Davi? O próprio Senhor responde: “Eu, Jesus, sou a raiz de Davi” (Ap 22:16).

O imediatismo em que vivemos nos inclina a buscarmos atalhos para demonstrarmos para os outros frutos que nos faltam. Nossas raízes tentam se fixar em solos pobres das coisas profundas de Deus e, como conseqüência, temos muita folhagem mas pouco fruto do Espírito: “árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas” (Jd 13). Não experimentamos uma vida plena de comunhão fraternal uns com os outros porque tememos que descubram que, por detrás da nossa linda folhagem, não existem frutos. Selamos então um pacto de mediocridade recíproca aonde eu não critico suas raízes e vice-versa e nos contentamos com a fachada pseudo-piedosa que traz uma aparência religiosa para as nossas vidas porém nossas raízes continuam absorvendo as coisas do inferno, da carne e do mundo. “vendo Jesus uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti” (MT 21:19).

João Batista advertia ao povo: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mt 3:10). Toda raiz profana será cortada pelo próprio Senhor Jesus. Entendermos hoje que “o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (I Tm 6:10) será um bálsamo para todos os peregrinos que anelam experimentar uma vida liberta do veneno mortal da vaidade e das ambições humanas. Abandonemos a perversidade e estendamos nossas raízes para os mananciais de vida de Deus sabedores de que, a raiz dos justos, jamais poderá ser removida.

“Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde, e no ano de sequidão não se perturba nem deixa de dar fruto.” Jeremias 17:7,8