segunda-feira, março 29, 2010

Uns aos outros

“Sabe porém isto: nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus” II Timóteo 3:1-4

O Senhor Deus já nos advertiu através da sua palavra profética de como os homens seriam nos últimos dias. O que talvez a gente não perceba é que não se é falado de apenas alguns homens ou de como os incrédulos seriam. Mas, se é dito, que a raça humana seria moldada por essas anomalias malignas que transformariam a cultura e a mentalidade do gênero humano. Perdoe-me quem quer que seja que esteja lendo esse texto, mas essa lista diz respeito a você e a mim. Apenas o Senhor Deus, através da vida de Cristo, pelo poder do Espírito Santo pode resgatar o ser humano do atual estado que se encontra.

Engana-se o desavisado que pensa que Deus não preparou provisão para nos tratar profundamente para que não venhamos ser amoldados pelo formato desse mundo. Deus sabe que precisamos sofrer uma profunda e completa transformação, não só de vida mas de também de caráter. E essa transformação passa, necessariamente e invariavelmente, pela vida comunitária do corpo de Cristo – a Igreja.

O Senhor Jesus não nos salvou para sermos desconectados, isolados ou distantes dos outros peregrinos também redimidos pelo seu sangue. Por isso que expressões como: “mutuamente”, “uns aos outros” ou “uns para com os outros” aparecem continuamente em todo o ensinamento apostólico. Para cada atributo que se levanta como característica da raça humana podemos perceber uma contra-posição sugerida pelo Senhor para combatermos essas ameaças:

Se o mundo quer que pensemos apenas em nossos próprios interesses (egoístas) a palavra de Deus nos convida a abrirmos nossa casa, tempo e comodidade e sermos hospitaleiros “sede mutuamente hospitaleiros”(I pe 4:9).

Se o mundo quer que sirvamos cada vez mais as riquezas (avareza) a palavra de Deus nos conclama a compartilharmos as necessidades dos santos (Rm 12:13) cooperando com o sustento uns dos outros “cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros”(I co 12:25).

Contra a jactância a bíblia diz: “acolhei-vos uns aos outros”(Rm 15:7)

Contra a arrogância e o orgulho diz: “cingi-vos de humildade no trato de uns para com os outros”(I pe 5:5)

Contra a blasfêmia diz: “sede uns para com os outros compassivos ”(Ef 4:32)

Os desobedientes necessitam de correção: “estejais aptos para admoestardes uns aos outros”(Rm 15:14)

Aos invés de sermos ingratos devemos aprender a honrar: “preferindo-vos em honra uns aos outros”(Rm 12:10)

Àqueles que não possuem respeito (irreverentes): sujeição. “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”(Ef 5:21)

Aos desafeiçoados, exortação: “exortai-vos mutuamente”(Hb 3:13)

Aos que não conseguem perdoar (implacáveis): “perdoando-vos uns aos outros”(Ef 4:32)

Aos mentirosos e caluniadores: “fale cada um a verdade com o seu próximo porque somos membros uns dos outros”(Ef 4:25)

Àqueles que não controlam seus impulsos (sem domínio de si): “suportai-vos uns aos outros” (Cl 3:13)

Aos cruéis: “levai as cargas uns dos outros”(Gl 6:2)

Aos inimigos do bem: “sede uns para com os outros benignos” (Ef 4:32)

Aos traidores a bíblia ensina consideração: “tendo o mesmo sentimento uns para com os outros ”(Rm 12:16)

Aos invés de sermos atrevidos sermos edificadores: “consolai-vos uns aos outros edificai-vos reciprocamente”(I Ts 5:11)

Ao invés de estarmos satisfeitos com o nosso conhecimento (enfatuados) temos que desejar receber mais instrução: “instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente”(Cl 3:16)

Para os amigos dos prazeres arrependimento e confissão: uma vida de transparência entre os irmãos “confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados” (Tg 5:16)

Uma vida cheia dos “uns aos outros” trará muito desconforto à nossa alma porque não é natural para nós palavras como: perdão, humildade, dar a nossa honra a outro. Tudo isso vai em direção contrária ao espírito que move esse mundo. E haverá uma luta constante e terrível dentro de nós. Qualquer comunidade cristã que aceita a superficialidade dos relacionamentos poderá gozar até de crescimento numérico e de uma aparente sensação de bem-estar. Porém, é na profundidade da experiência dos “uns aos outros” que seremos transformados, disciplinados, humilhados e santificados. Repensemos nossa consagração e envolvimento “uns com os outros”. Esse é o caminho estreito e apertado utilizado pelo Espírito Santo para que não venhamos a andar segundo a nossa própria vaidade.

Propositadamente deixei por último o mais conhecido mandamento do “uns aos outros” – o amor. Eu pessoalmente não concordo com a clássica definição que o “ide” de Mateus 28 é a grande comissão do Senhor Jesus. Porque “ainda que entregue meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (I Co 13:3). Evangelismo, profecia, ensino, pastoreio ou qualquer outra coisa que fizermos necessita ser feito em amor para com o próximo.

Segue abaixo o que eu considero ser a grande comissão deixada pelo nosso Senhor e, pelo qual, tudo o mais encontra sentido.

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.”João 13:34

“O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.”João 15:12

“isto vos mando, que vos ameis uns aos outros” João 5:17

“ No tocante ao amor fraternal não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos já estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros. ”I Tessalonicenses 4:9

“ amai-vos de coração uns aos outros ardentemente ”I Pedro 1:22

“acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros.”I Pedro 4:8

“a mensagem que ouvistes desde o principio é esta, que vos ameis uns aos outros ”I João 3:11

segunda-feira, março 22, 2010

Como nos dias de Noé

“Pela fé Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé.” Hebreus 11:7

Na última conferência bíblica que participei, um dos preletores compartilhou sobre os últimos acontecimentos globais e os relacionou com as profecias do livro de Daniel. Como é natural de acontecer em um assunto tão palpitante o tema logo tornou-se o centro em todas as rodinhas de conversas. Irmãos que geralmente tiram um cochilo durante as reuniões estavam com os olhos arregalados prestando o máximo de atenção em tudo o que se ouvia, afinal de contas, ninguém queria perder nenhum detalhe sobre os novos pactos da União Européia com Israel e o desenrolar dos acontecimentos nestes últimos tempos.

Sabemos que existem bênçãos garantidas pelo Senhor para aqueles que lêem e guardam as palavras da revelação final (Ap 1:3, 22:7). Mas assim como não faz sentido uma pessoa sair de casa sem guarda-chuva ao ver relâmpagos e ao escutar trovões, também as nossas vidas demonstrarão, através dos nossos hábitos, se tais informações sobre o fim desta era foram assimiladas pela fé no nosso espírito ou se tudo não passa de uma curiosidade racional.

Noé parece ser uma figura emblemática para nos ensinar a diferença entre o conhecimento teórico e o conhecimento objetivo. Ele não apenas foi “divinamente instruído sobre acontecimentos que não se viam” mas, principalmente, Noé era “temente a Deus”. Desde o momento em que Noé entendeu que viria um juízo sobre os habitantes da terra, sua vida mudou radicalmente e objetivamente. Ele passou a ter uma vida completamente diferente do restante do mundo. Enquanto todos os demais se preocupavam com as coisas normais dessa vida, Noé passou a investir naquilo que Deus lhe havia revelado. Enquanto todos o taxavam de louco, dia apos dia Noé foi construindo a sua salvação. Acredito que a vida de Noé impressionou bastante o apóstolo Pedro. Ele menciona Noé em suas duas cartas e o chamou de “o pregador da justiça” (II Pe 2:5). À medida que aquela arca era erguida Noé pregava a justiça de Deus que sobreviria sobre toda a terra apesar de toda perplexidade que surgia entre os incrédulos. Ele não precisava abrir a sua boca, sua vida e os seus hábitos proclamavam com mais força do que qualquer palavra.

As conclusões que eu tiro parecem óbvias: se cremos que em breve – “os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem” (II Pe 3:10) – não deveríamos estar preparando a nossa arca a despeito do que os habitantes desse mundo pensem ou digam? Não deveríamos ouvir mais as advertências divinas do que os conselhos de pessoas “obscurecidas de entendimento e alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem pela dureza de seus corações” (Ef 4:17)?

Devo carregar a minha cruz – cuja a madeira da arca é uma figura – e aceitar com paciência o tempo da minha peregrinação até que venha o Senhor. Se a minha vida, meu vocabulário, meus hábitos, meus costumes não exercerem o papel de “pregadores da justiça” de nada valerá meu conhecimento escatológico. Quando esse mundo decretar que sou uma pessoa louca e fora da realidade então saberei que a minha sanidade espiritual estará proclamando os decretos do Altíssimo.

Olhe para cima e veja como o céu já está escuro. E que, em muito em breve, começará a chover.

“Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.” Mateus 24: 37-39

segunda-feira, março 15, 2010

Novo prefácio

“mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado olha para trás, é apto para o reino de Deus.” Lucas 9: 62

E passaram-se dois anos desde a minha última postagem... Quando resolvi parar de escrever tinha em mente um novo cenário para o meu futuro. Imaginava que o tempo (que não era grande coisa diga-se de passagem) que usava para por no papel os pensamentos que giravam em minha mente continuaria sendo reinvestido nas coisas celestiais. Porém isso não aconteceu. Me acomodei. Troquei meu momento aos domingos à noite – tempo em que geralmente usava para escrever o post – pela maldita televisão ou por outros pequenos prazeres liderados pela preguiça.

A conhecida Lei de Parkinson diz que "o trabalho se expande para preencher o tempo disponível para ser concluído" ou seja, se temos uma semana para realizar um determinado serviço ocuparemos todo prazo para a realização do projeto enquanto que, provavelmente, se o nosso prazo de entrega for de trinta dias entregaremos o mesmo serviço apenas no final do trigésimo dia. Estudos provaram que as pessoas tendem a entregar suas tarefas nos prazos pré-determinados independente da quantidade de tarefas que possuem. Elas expandem seus trabalhos reduzindo seus momentos de ociosidade.

Sendo assim, e sabendo que estou entrando novamente em um desafio pessoal, resolvi voltar a documentar alguns dos meus pensamentos. Dessa vez os motivos para mim são mais óbvios: não desejo me entregar à uma vida sem compromissos. Ao contrário da crença popular, no Reino de Deus, é mais abençoado aquele que dá do que aquele que recebe (At 20:35). Quando dividimos nossos dons, tempo e recursos o Senhor sempre nos devolverá em abundância. Por outro lado, quando enterramos nosso ministério espiritual corremos o risco de perdermos o pouco que temos “Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. E o servo inútil lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 25:29,30). Nosso trabalho espiritual deve se expandir cada vez mais até tomar plenamente todas as lacunas que deixamos vagas para a nossa preguiça e “bem-estar” pessoal.

Não desejo ser mal entendido: não estou pregando ativismo mas consagração. Porém, quando expandimos nosso trabalho ao Senhor de diversas maneiras através dos múltiplos dons do Espírito Santo (compartilhar da palavra, evangelismo, visitação, intercessão, aconselhamento) somos agraciados com a benção da produtividade e dos frutos espirituais. Dizem que quando se quer que alguma coisa saia bem feita devemos entregar a tarefa para alguém que esteja ocupado. Isso porque tal pessoa tem demonstrado através do seu trabalho a capacidade de produzir os resultados esperados. Por outro lado, o desocupado, em sua preguiça, possui uma velocidade e uma competência temerária. E se com o Senhor for assim também? E se o Senhor estiver varrendo a terra com os seus olhos à procura de trabalhadores diligentes que não estão olhando pra trás para entregar-lhes ainda mais serviço?

Sei que o Senhor me deseja usar. Mas Ele não o fará enquanto eu estiver estirado domingo a noite em frente a uma televisão. Não é assim que quero passar os meus dias sobre essa terra.

“Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para toscanejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado.” Provérbios 6:9-11